O Sebrae em parceria com a prefeitura de Mossoró amplia ações do projeto Padre Huberto, beneficiando 250 mulheres apicultoras
Sandra Monteiro
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Projeto Padre Huberto beneficiará 250 mulheres em Mossoró |
Mossoró - Reconhecido por ser um alimento com elevado
poder nutricional e rico em propriedades medicinais, o mel de abelha
também se tornou em fonte auxiliar de renda para muitas famílias do
Semiárido nordestino. É o que acontece no município de Mossoró, onde,
por meio do Projeto Padre Huberto, a criação de abelhas sem ferrão, as
meliponas, desempenha uma função social importante junto a grupos de
mulheres de diversas comunidades rurais. Na busca por consolidar a
ideia, parceria firmada entre o
Sebrae no Rio Grande do Norte e a prefeitura do município expandirá as ações, estendendo o benefício a 250 mulheres. Atualmente, são 190 beneficiadas.
A ideia é fortalecer ainda mais o projeto, que além do papel social,
desempenha a função de agente disseminador da tradição de produzir o mel
de jandaíra, produzido pelas abelhas sem ferrão. A prática, antes do
projeto Padre Huberto (2008), apresentava sinais de extinção. Com isso,
cada nova comunidade inserida receberá a montagem do meliponário, com um
total de dez colmeias.
“Esse projeto tem caráter coletivo muito significativo, com apelo
social forte, pois garante uma ocupação e renda extra a mulheres do
campo. Queremos fortalecer as ações por meio da parceria, expandindo as
ações e a quantidade de beneficiadas”, frisou Lecy Gadelha, gestor do
Projeto de Apicultura do Sebrae-RN, durante visita realizada ao
Assentamento Novo Espinheirinho.
Além de alcançar novas comunidades rurais, a parceria vai garantir
também capacitações e inserção de novas atividades que serão destinadas
às mulheres do campo, como oficinas de artesanato ligado à atividade que
desempenham. O secretário de Agricultura de Mossoró, Betinho Rosado
Segundo, que também participou da visita ao assentamento, se mostrou
estimulado diante dos resultados obtidos pelas mulheres do Assentamento
Novo Espinheirinho, e garantiu benefícios.
“Este trabalho tem se mostrado muito importante para estas mulheres,
que geralmente não têm outra atividade, nem fonte de renda, e temos todo
o interesse em continuar estimulando este e outros projetos que melhore
as condições de vida nas comunidades rurais”, assegura.
Experiência exitosa
Apesar da menor produtividade, se comparada à produção das abelhas
italianas e africanizadas, o manejo fácil, pouco investimento e valor do
produto no mercado servem de estímulo para que as mulheres beneficiadas
continuem firmes no projeto e na preservação da colheita do mel de
jandaíra.
Do Assentamento Novo Espinheirinho vem uma das experiências mais
exitosas do projeto. Lá, nas duas safras anuais, as dez mulheres
assistidas pelo projeto colhem até 10 litros de mel. A produção pequena,
no entanto, se torna menos importante, quando comparada ao preço do
litro do produto, comercializado a, no mínimo, R$ 50. Já das abelhas com
ferrão a mesma quantidade do produto é vendida a um valor até quatro
vezes menor.
ASN
Equipe do Sebrae visita o projeto
Noilda das Neves Patrocínio, agente comunitária de saúde, é uma das
assistidas com o projeto. Com mais de quatro anos de criação das
colméias de jandaíra, ela conta que possui clientela fiel. “Sempre as
pessoas perguntam se tenho mel. O interesse é muito grande, porque o mel
é medicinal. Estamos muito contentes em saber que o projeto vai ser
ampliado. É mais gente que poderá participar e garantir um dinheirinho
extra a cada colheita”, comemora.
A inserção no Projeto Padre Huberto garante, além das caixas de
madeira onde são instaladas as colméias, capacitação na parte teórica e
prática, com atenção especial para o manejo. O especialista em melíponas
e consultor do Sebrae-RN, Paulo Menezes, explica que, além de
benefícios às mulheres, a conservação da prática ajuda, também, na
manutenção da vegetação característica da caatinga. “Ao buscar na
natureza as flores da vegetação típica da caatinga, a abelha realiza a
polinização, e ajuda a preservar espécies como jurema, umburana, e
tantas outras. Por mais este motivo é tão importante expandir e
consolidar este projeto”, destaca.
Selo
Ainda dentro das ações a serem desenvolvidas em prol da
meliponocultura, está prevista a criação do Selo de Inspeção Municipal
(SIM), que certifica e atesta a qualidade do mel produzido pelas
mulheres assistidas pelo Projeto Padre Huberto.
De acordo com o secretário de Agricultura, o projeto que trata da
criação do selo já foi enviado à Câmara Municipal de Mossoró, e deverá
ser aprovado nos próximos meses.“Nosso esforço é para que a atividade
desenvolvida por essas mulheres seja fortalecida e ganhe o mercado.
Deste modo, o selo de inspeção vai gerar benefícios para as produtoras e
para os consumidores, pois terão atestada a qualidade do produto”,
detalha.
A estiagem prolongada que atinge o Rio Grande do Norte desde o início
do ano passado impede a florada das árvores típicas da região,
principais fontes de pólen para as melíponas e afeta diretamente a
produção de mel. Para driblar o problema e evitar a morte ou a fuga das
colmeias, o Sebrae-RN desenvolveu, ao longo dos meses, um trabalho de
orientação voltado para a produção de alimentação artificial dos
insetos. O trabalho consiste em alimentar as abelhas com uma mistura
produzida à base de açúcar, água e vitaminas.
“Desenvolvemos este trabalho não só nas comunidades ligadas às
meliponas, mas junto a todos os grupos de apicultores atendidos pelo
Sebrae-RN, e temos alcançado um bom resultado. Prova disso é que a
produção, apesar de ter diminuído consideravelmente, não parou”, explica
Lecy Gadelha.