terça-feira, 19 de março de 2013

Projeto beneficia apicultoras de comunidades rurais

O Sebrae em parceria com a prefeitura de Mossoró amplia ações do projeto Padre Huberto, beneficiando 250 mulheres apicultoras

Sandra Monteiro


ASN

Projeto Padre Huberto beneficiará 250 mulheres em Mossoró
Mossoró - Reconhecido por ser um alimento com elevado poder nutricional e rico em propriedades medicinais, o mel de abelha também se tornou em fonte auxiliar de renda para muitas famílias do Semiárido nordestino. É o que acontece no município de Mossoró, onde, por meio do Projeto Padre Huberto, a criação de abelhas sem ferrão, as meliponas, desempenha uma função social importante junto a grupos de mulheres de diversas comunidades rurais. Na busca por consolidar a ideia, parceria firmada entre o Sebrae no Rio Grande do Norte e a prefeitura do município expandirá as ações, estendendo o benefício a 250 mulheres. Atualmente, são 190 beneficiadas.

A ideia é fortalecer ainda mais o projeto, que além do papel social, desempenha a função de agente disseminador da tradição de produzir o mel de jandaíra, produzido pelas abelhas sem ferrão. A prática, antes do projeto Padre Huberto (2008), apresentava sinais de extinção. Com isso, cada nova comunidade inserida receberá a montagem do meliponário, com um total de dez colmeias.

“Esse projeto tem caráter coletivo muito significativo, com apelo social forte, pois garante uma ocupação e renda extra a mulheres do campo. Queremos fortalecer as ações por meio da parceria, expandindo as ações e a quantidade de beneficiadas”, frisou Lecy Gadelha, gestor do Projeto de Apicultura do Sebrae-RN, durante visita realizada ao Assentamento Novo Espinheirinho.

Além de alcançar novas comunidades rurais, a parceria vai garantir também capacitações e inserção de novas atividades que serão destinadas às mulheres do campo, como oficinas de artesanato ligado à atividade que desempenham. O secretário de Agricultura de Mossoró, Betinho Rosado Segundo, que também participou da visita ao assentamento, se mostrou estimulado diante dos resultados obtidos pelas mulheres do Assentamento Novo Espinheirinho, e garantiu benefícios.
“Este trabalho tem se mostrado muito importante para estas mulheres, que geralmente não têm outra atividade, nem fonte de renda, e temos todo o interesse em continuar estimulando este e outros projetos que melhore as condições de vida nas comunidades rurais”, assegura.

Experiência exitosa

Apesar da menor produtividade, se comparada à produção das abelhas italianas e africanizadas, o manejo fácil, pouco investimento e valor do produto no mercado servem de estímulo para que as mulheres beneficiadas continuem firmes no projeto e na preservação da colheita do mel de jandaíra.
Do Assentamento Novo Espinheirinho vem uma das experiências mais exitosas do projeto. Lá, nas duas safras anuais, as dez mulheres assistidas pelo projeto colhem até 10 litros de mel. A produção pequena, no entanto, se torna menos importante, quando comparada ao preço do litro do produto, comercializado a, no mínimo, R$ 50. Já das abelhas com ferrão a mesma quantidade do produto é vendida a um valor até quatro vezes menor.

ASN
Equipe do Sebrae visita o projeto
Noilda das Neves Patrocínio, agente comunitária de saúde, é uma das assistidas com o projeto. Com mais de quatro anos de criação das colméias de jandaíra, ela conta que possui clientela fiel. “Sempre as pessoas perguntam se tenho mel. O interesse é muito grande, porque o mel é medicinal. Estamos muito contentes em saber que o projeto vai ser ampliado. É mais gente que poderá participar e garantir um dinheirinho extra a cada colheita”, comemora. 
 
A inserção no Projeto Padre Huberto garante, além das caixas de madeira onde são instaladas as colméias, capacitação na parte teórica e prática, com atenção especial para o manejo. O especialista em melíponas e consultor do Sebrae-RN, Paulo Menezes, explica que, além de benefícios às mulheres, a conservação da prática ajuda, também, na manutenção da vegetação característica da caatinga. “Ao buscar na natureza as flores da vegetação típica da caatinga, a abelha realiza a polinização, e ajuda a preservar espécies como jurema, umburana, e tantas outras. Por mais este motivo é tão importante expandir e consolidar este projeto”, destaca.

Selo
 
Ainda dentro das ações a serem desenvolvidas em prol da meliponocultura, está prevista a criação do Selo de Inspeção Municipal (SIM), que certifica e atesta a qualidade do mel produzido pelas mulheres assistidas pelo Projeto Padre Huberto.
De acordo com o secretário de Agricultura, o projeto que trata da criação do selo já foi enviado à Câmara Municipal de Mossoró, e deverá ser aprovado nos próximos meses.“Nosso esforço é para que a atividade desenvolvida por essas mulheres seja fortalecida e ganhe o mercado. Deste modo, o selo de inspeção vai gerar benefícios para as produtoras e para os consumidores, pois terão atestada a qualidade do produto”, detalha.
A estiagem prolongada que atinge o Rio Grande do Norte desde o início do ano passado impede a florada das árvores típicas da região, principais fontes de pólen para as melíponas e afeta diretamente a produção de mel. Para driblar o problema e evitar a morte ou a fuga das colmeias, o Sebrae-RN desenvolveu, ao longo dos meses, um trabalho de orientação voltado para a produção de alimentação artificial dos insetos. O trabalho consiste em alimentar as abelhas com uma mistura produzida à base de açúcar, água e vitaminas.
“Desenvolvemos este trabalho não só nas comunidades ligadas às meliponas, mas junto a todos os grupos de apicultores atendidos pelo Sebrae-RN, e temos alcançado um bom resultado. Prova disso é que a produção, apesar de ter diminuído consideravelmente, não parou”, explica Lecy Gadelha.

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