terça-feira, 28 de junho de 2011

Relação Universidade-Incubadora

José Newton Cabral Carpintéro e Miguel Juan Bacic, ambos professores do Instituto de Economia da Unicamp, acreditam que o processo empreendedor deve ser visto como resultado de interações pessoais, profissionais, culturais e sociais e parte de um processo integrado de desenvolvimento econômico e social. Já as políticas de incentivo ao empreendedorismo na sociedade devem ser encaradas como um todo através de distintos programas (desde universidades, institutos de pesquisa, órgãos de apoio, incubadoras, etc.), que deveriam partir dos mesmos pressupostos.

 
A grande maioria dos especialistas concorda que o sucesso da incubadora depende em grande parte de sua relação com uma instituição acadêmica fortemente orientada na pesquisa, que não apenas fornece profissionais altamente qualificados para esses empreendimentos, mas também garante o recurso primordial para o início de um empreendimento.

Henry Etzkowitz, diretor do Instituto de Ciência Política da State University de Nova Iorque por exemplo, sugere uma interação que se movimenta como uma hélice tripla, vinculando fortemente instituições governamentais, as empresas e as universidades, na concretização de processos inovativos.
Segundo Sandra Brisolla, professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp, o maior desafio para garantir a sobrevivência dos sistemas científicos da América Latina de modo que possam efetivamente desempenhar o importante papel que lhes cabe no processo de desenvolvimento marcado pela terceira revolução industrial é descobrir e imitar as novas maneiras através das quais o conhecimento científico se acopla à produção de bens e serviços, passando pela criação de redes de pesquisadores nas diversas instituições.

Para o doutor em política científica e tecnológica Erasmo José Gomes, no caso brasileiro verifica-se, de maneira geral, a resistência por parte das universidades e institutos de pesquisa em engajarem-se no esforço das entidades gestoras dos pólos tecnológicos e incubadoras de empresas. A participação das universidades locais tem se limitado a figurar em instâncias meramente normativas, como por exemplo, entidade instituidora, membro de conselhos diversos etc. Contudo, o envolvimento efetivo não tem sido um fato correntemente constatado, configurando-se uma situação de apoio simbólico.
Gomes destaca ainda que o relacionamento das empresas e das entidades gestoras com a universidade local, no que diz respeito à utilização das instalações e recursos tecnológicos, na maioria dos casos, ocorre informalmente, baseado no contato social. Essa situação aponta para uma realidade na qual a efetividade das relações institucionais, quando não historicamente consolidadas, está muito mais centrada nas pessoas do que em uma recomendação normativa-institucional.

Como as incubadoras de empresas podem ajudar no seu negócio

Saiba mais sobre incubadoras de empresas, como participar e os benefícios para as micro e pequenas empresas


As Incubadoras de Empresas são instituições que auxiliam no desenvolvimento de Micro e Pequenas Empresas nascentes e em operação, que buscam a modernização de suas atividades para transformar ideias em produtos, processos e serviços. Elas oferecem suporte técnico, gerencial e formação complementar ao empreendedor. A incubadora também facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica nas MPEs.

As empresas que buscam as incubadoras, além de receberem suporte gerencial, administrativo e mercadológico, recebem apoio técnico para o desenvolvimento do seu produto. Com isso, o empreendimento pode ser acompanhado desde a fase de planejamento até a consolidação de suas atividades com a consultoria de especialistas.

Em um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar temporariamente os participantes, as empresas incubadas têm acesso a serviços que dificilmente encontrariam agindo sozinhas. Além de espaço individualizado para a instalação de escritórios ou laboratórios, as incubadoras oferecem sala de reunião, auditórios, área para demonstração dos produtos, secretaria, bibliotecas e uma série de outros benefícios por meio de instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e iniciativas privadas.

 
O mais significativo serviço prestado pelas incubadoras é a consultoria gerencial e tecnológica, que aborda as seguintes áreas:
- Gestão empresarial;
- Gestão tecnológica;
- Comercialização de produtos e serviços;
- Contabilidade;
- Marketing;
- Assistência jurídica;
- Captação de recursos;
- Contratos com financiadores;
- Engenharia de produção;
- Propriedade intelectual.

A quem se destina:

Pode participar do Programa de Incubadoras de Empresas qualquer pessoa que tenha um projeto inovador e deseja abrir sua própria empresa. As já existentes também podem participar do programa e receber o apoio da incubadora. Para tanto, é preciso ter um projeto para melhoria ou desenvolvimento de novos produtos e serviços.

As incubadoras geralmente aceitam projetos apresentados por:

Pessoa Física: oportunidade ao pesquisador/profissional que tem uma tecnologia e quer constituir sua própria empresa com um produto/processo inovador.

Empresa existente: empresa consolidada que pretende desenvolver um produto dentro da incubadora.

Empresa transferida: empresa de base tecnológica que busca trabalho mais adequado a seus pesquisadores, aproximando-se dos centros tecnológicos.

Nova empresa instituída por Pessoa Jurídica: Empresa ou grupo empresarial que deseja criar nova empresa de base tecnológica.

Em todos os casos, o empresário deve se dirigir à incubadora de sua escolha e obrigatoriamente apresentar seu plano de negócios ao gerente. O plano será analisado pelo Conselho da Incubadora sob sua perspectiva econômica e técnica e, caso seja considerado viável e exista vaga disponível, o participante poderá iniciar suas atividades como incubado. Caso ainda não exista vaga disponível, o projeto entrará em uma lista de espera e será convidado a iniciar suas atividades assim que houver disponibilidade.

Objetivos do Programa Sebrae de Incubadoras de Empresas

O Sebrae tem como meta ser referência nacional e internacional no estímulo à criação e ao desenvolvimento de incubadoras de empresas.

Os principais objetivos do programa são:

- Desenvolver a cultura de incubadoras no país;
- Apoiar a criação e consolidação das incubadoras de empresas;
- Fortalecer as parcerias para um maior comprometimento com o programa;
- Criar condições para que as empresas apoiadas pelo programa se tornem competitivas.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

APISMEL no Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável do BB



Associação dos Apicultores de Serra do Mel – APISMEL - empresa graduada da IAGRAM, Incubadora do Agronegócio de Mossoró, passa a integrar o Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável do Banco do Brasil. A intermediação foi feita pela IAGRAM, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

Com o cadastramento no PDRS, o Banco do Brasil irá contemplar a Associação dos Apicultores com vários benefícios. “De imediato, a APISMEL vai ganhar um auditório e a aquisição de novos equipamentos de informática”, adianta o gerente da IAGRAM, Giorgio Mendes. Com essa aquisição os integrantes da Associação, bem como os filhos dos apicultores terão oportunidade de participar de cursos voltados à inclusão digital.

Educação é essencial para o desenvolvimento rural

Para que cuidados adequados e investimentos em tecnologia sejam prioridade no campo, primeiramente é preciso informar o pequeno e o médio produtor, para que assim ele possa tomar suas próprias decisões de maneira responsável e lógica. O Projeto Educação: Ecovegetal aborda essas questões e é um dos temas do Fórum Contexto Ambiental & Agronegócio, organizado pelo Portal Dia de Campo, no dia 30 de junho, em Uberlândia, Minas Gerais. Segundo Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), esse projeto congrega mais de 130 associações, produtores, cientistas e professores, ou seja, um conjunto de pessoas focadas no sentido de defender a atividade agrícola de forma mais sustentável.
 
— Isso porque a população do mundo vai chegar, no próximo dia 31 de outubro, a 7 bilhões de pessoas. Esses habitantes têm um problema de demandar cada vez mais proteína, não só vegetal, mas, com o aumento da renda, também animal. Além disso, uma em cada sete pessoas no mundo passa fome. O Processo de Educação e a Agricultura em Primeiro Lugar, coordenados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), significam dizer que temos que produzir cada vez mais com menos ataque ao meio ambiente e à saúde humana — afirma o diretor executivo.

De acordo com ele, deve-se educar o produtor a preservar os recursos naturais, partilhar o conhecimento levando educação para todas as áreas, criar acesso e meios de gestão de recursos e proteger as culturas. Ele conta que o Brasil, por exemplo, com toda a sua vertente agrícola, desperdiça 4% do que é produzido por falta de medidas adequadas, logística e infra-estrutura.

— As ações práticas na hora de educar têm duas vertentes. A primeira é conseguir atingir o pequeno produtor. É difícil imaginar como educar o pequeno e médio produtor, que não tem acesso à informação e está inatingível pela logística. Hoje em dia, existem mecanismos simples, como as mensagens por telefone celular que informam na África os preços que estão ocorrendo nas grandes capitais. Somente esta mudança, uma mudança simples, tem melhorado a cultura em todos os locais — conta.

O segundo problema, para ele, está na qualidade e nível da informação a ser dada. Ele explica que a educação e a extensão rural funcionam melhor quando se tem o envolvimento das mulheres, aquelas que são a cabeça do casal. O produtor agrícola faz o trabalho braçal, mas a mulher tem a capacidade de assimilar, educar e coordenar a família. Além disso, Daher diz que a educação deve efetivamente erradicar o trabalho infantil e incentivar a utilização da meteorologia a favor do meio rural.

— Nós precisamos, nessa área educacional, nos valer de coisas bastante simples e ouvir o agricultor, mais do que falar para ele. Quando falamos em educação, falamos em propagar as boas práticas e o uso de recursos que envolvem, além de usar corretamente a terra, como usar corretamente a água, como ter acesso a financiamentos de microcrédito, típicos na África e na Índia e como fazer para obter seguro agrícola. Todos nós temos seguros de automóvel porque são obrigatórios, mas nós plantamos e corremos um risco de ter interferes climáticas, chuvas de granizo ou seca e termos uma grande decepção que nos prejudicaria no mercado — conta.

O diretor executivo afirma também que o melhor conjunto de informações oferecidas ao produtor é o melhor insumo que pode ser dado a ele, pois permite que ele tome uma decisão mais racional. Para Daher, a adoção de sementes geneticamente modificadas que geram maior produtividade, por exemplo, é uma informação que deve ser levada ao produtor obrigatoriamente, assim como a utilização de defensivos agrícolas na lavoura, de fertilizantes e calagem. Segundo ele, quanto mais se investe nisso, maior é a produtividade.

— Tirando a cultura do arroz, que sofre uma abundância internacional, todas as demais culturas têm uma relação de troca favorável e é impressionante como o agronegócio brasileiro responde rapidamente a esse tipo de estímulo e relação. Existe um site, o www.agriculturaemprimeirolugar.org.br, que tem todas essas informações que coloquei a vocês — conclui.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

CNPq: um olhar atento para a inovação



Na quinta-feira (09/06) foi realizada na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq/MCT) a palestra “O CNPq e a Política Nacional de Inovação”, ministrada pelo físico matemático José Fernando Perez. A conferência contou com a presença do presidente da agência, Glaucius Oliva, do Diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde (DABS), Paulo Sergio Lacerda Beirão, do Chefe de Gabinete, Jovan Guimarães Gadioli dos Santos e de inúmeros servidores da Casa.

Atual Diretor Presidente da Recepta Biopharma, José Fernando Perez é membro da Academia Brasileira de Ciências e do Conselho Deliberativo do CNPq. Foi Professor Titular de Física da USP até 2004, Diretor Científico da FAPESP durante 13 anos e recebeu a Medalha e a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico e Tecnológico em 2000.

No âmbito do Plano de Reconfiguração Estratégica do CNPq, Perez foi convidado para refletir sobre o importante papel da inovação tecnológica no contexto atual. “O momento é extremamente oportuno para CNPq fazer este projeto, pois acredito que a agência precisa fazer uma projeção para os próximos 20 anos, e com certeza, dentro deste plano haverá constantemente o vocábulo inovação, já que esta, é a chave mestra para alavancar o desenvolvimento do nosso país”.

Durante a palestra Perez pontuou que um dos aspectos centrais para a ampliação da atividade inovadora no País é o estimulo ao diálogo entre a academia e as empresas. “Conhecimento sem inovação é apenas invento, não chega ao mercado, nem a comunidade. Por isso, o CNPq tem o desafio de estimular cada vez mais os mestres e doutores a saírem das universidades para entrarem nas empresas. As agências de fomento tem o papel catalisador, semeador mesmo, de incitar os portadores do conhecimento a se articularem mais com os ambientes inovadores”, afirmou o pesquisador.


Perez afirmou ainda que o Brasil tem uma necessidade gigantesca de inocular inovação em todos os poros da economia. E para isso acontecer é preciso articular melhor os instrumentos. “Já realizamos grandes avanços, com a Lei da Inovação e a Lei do Bem, porém ainda existem muitas lacunas a preencher. O Brasil precisa ousar mais, temos que reforçar os mecanismos que contribuam para a inovação nas empresas de médio e pequeno porte, precisamos diversificar as opções de financiamento, enfatizando o empreendedorismo inovador e estimular, por meio do BNDES e do mercado de capitais à criação de Fundos de Risco para financiar empreendimentos inovadores em estágio inicial”.

Segundo ele, o Brasil não pode deixar em segundo plano a inovação tecnológica, por medo de não atingir os resultados esperados. “Sabemos que para inovar é preciso correr alguns riscos, mas o retorno que teremos no futuro será bem maior do que as perdas. Iremos gerar empregos, traremos riquezas e ainda estaremos preparando nossas empresas para competir em pé de igualdade com as empresas globais, em especial aquelas produtoras de bens e serviçoes de alto valor agregado”, destacou Perez.

Perez conclui dizendo que para o Brasil abarcar plenamente a cultura da inovação é necessário maior sinergia entre as universidades, empresas e governo. “O desafio engloba diversos atores, temos que colocar a pauta inovação na agenda nacional, se não trabalharmos em parceira não conseguiremos incorporar tão cedo a inovação como componente sistêmico e estratégico da estrutura produtiva nacional”, afirmou.



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Foco no mercado para alimentos orgânicos



Se perguntássemos a 100 pessoas sobre os benefícios entre os produtos orgânicos e os produtos industrializados, provavelmente a maioria apontaria os primeiros (Organicos) como melhores. Se olharmos o consumo essa proporção está mais que invertida. Por que isso acontece?
Em primeiro lugar precisamos lembrar sobre as vantagens mercadológicas dos orgânicos (não vamos nem falar sobre as vantagens nutricionais):

• Crescimento do poder de consumo da mulher – afeta a busca por mais qualidade na alimentação
• Aumento da longevidade - idem
• Maior preocupação com segurança alimentar
• Maior preocupação estética e física
• Aumento do custo médico
• Maior acesso de informações
• Entrada das grandes redes de supermercados

Em segundo lugar precisamos entender como funciona a dinâmica de consumo alimentar:

O consumo de orgânicos esta associado a disseminação da informação (segurança alimentar), mas também a acessibilidade ao produto e a sua aplicabilidade (conveniência de consumo e receitas).

Daí surge o grande gargalo dos orgânicos: SAUDAVEL X SABOROSO.
Os orgânicos tem imagem constituída de saudáveis, contudo, ainda é fraco o marketing para mostrar que são também práticos e saborosos.
Por que temos problemas de consumo de orgânicos.
• Com menos tempo em casa as pessoas têm menos tempo para cozinhar
• Temos um problema de acessibilidade aos produtos, freqüência e “padronização”
• Temos um problema de preço e percepção de valor
• Temos um problema da canal de distribuição

Problemas da oferta

• O tempo para certificação (3 anos) é uma barreira de entrada mas também um limitador para adequação da oferta
• O mercado pede mais variedade
• O mercado pele mais informações sobre usos (receitas)
• O mercado pede opções de produtos mais processados
• A diferença de preço deveria ser no máximo de 25 a 40%

O que agregará valor aos orgânicos

• Classificação de qualidade na produção, comercializando os produtos separadamente
• Transformar “legumes” em produtos (informações, frequencia, processamento, etc)
• Adotar marca nos produtos. Para os casos onde se atuar em mais de um mercado, trabalhar com marcas diferentes
• Ter canais de relacionamento com o consumidor final
• Realizar ações de estimulo ao consumo

Ideias

1. Dominar o processo de produção, pós-colheita e ter um sistema de gestão que permita a previsão de oferta
2. Ter estratégia de fluxo de caixa para financiar estruturação comercial no periodo de investimentos e perdas de implantação do projeto
3. Display de vendas em academias e lojas de conveniência, acompanhados com “flies” de receitas
4. Fazer cursos de culinárias para empregadas domésticas em condomínios
5. Criar “catalogo” sabores com receitas de restaurantes e fazer promoção conjunta
6. Associar orgânico a sabores
7. Crescer a passos consistentes e com foco no L P

Produtividade garante avanço da Agricultura



A produtividade da agricultura empresarial brasileira vai continuar a garantir safras cada vez maiores, mas com uma expansão menor da área plantada até a próxima década. A participação da produção brasileira no comércio exterior deve aumentar ainda mais, ressaltando que o mercado interno mantenha-se como o principal destino dos alimentos produzidos no país.


As estimativas constam do relatório “Brasil – Projeções do Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021” do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “O país deve continuar a produzir alimentos para o nosso povo e outras nações do planeta. Isso mostra a importância e a força do setor agropecuário na economia brasileira”, aponta o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.

Ele lembra que o mundo vai precisar cada vez mais de alimentos e o Brasil é um dos poucos países capazes de ampliar a produção de alimentos sem comprometer seus recursos naturais. Rossi cita estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), para quem o planeta terá de ampliar em 70% a produção de alimentos para garantir a segurança alimentar da população mundial. A oferta global de proteína animal e vegetal atualmente não é suficiente para alimentar todos os povos. “Cerca de 1 bilhão de pessoas passa fome na Terra”, lamenta o ministro.

O relatório foi produzido pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura e coloca grãos e carnes como as principais apostas do Brasil para ampliar a produção e a exportação. Coordenado pelo pesquisador José Garcia Gasques, o documento indica algodão em pluma, milho, café, açúcar, soja em grão, leite, celulose, carnes de frango e bovina como os produtos agropecuários brasileiros com maior potencial de crescimento.

De acordo com Derli Dossa, chefe da Assessoria de Gestão Estratégica, as projeções apontam o algodão como o produto que vai se destacar até a safra 2020/2021. “A estimativa é de aumento de 47,8 % na produção e variação positiva de 68,4% nas exportações”, informa. Atualmente, o país produz 1,6 milhão de toneladas de algodão em pluma. A produção vai superar 2,3 milhões de toneladas em dez anos. Quanto à exportação do produto, os embarques subirão para 800 mil toneladas, em comparação às 500 mil toneladas de hoje.

A região situada entre sul do Maranhão, norte do Tocantins, sul do Piauí e noroeste da Bahia – denominada Matopiba – é uma das apostas do Ministério da Agricultura como a nova fronteira agrícola do país. “A região será um marco da agricultura do século 21 em função, inclusive, dos preços reduzidos da terra”, aponta Derli Dossa.

O ministério prevê aumento na produção de grãos em Matopiba. O salto será de 13,3 milhões de toneladas de grãos colhidos em 2010 para 16,6 milhões de toneladas no início da próxima década. Em compensação, a área de colheita deve aumentar de 6,4 milhões hectares para 7,5 milhões de hectares.

Tecnologia

“A produção crescerá com base na produtividade. O Brasil tem mostrado que é possível elevar a produção sem ampliar o crescimento da área plantada, com investimentos em tecnologia”, destaca Wagner Rossi. “A expansão da área de grãos no país se dará em percentual bem abaixo do seu crescimento histórico”. O ministro afirma que tais estimativas são até modestas, diante dos saltos obtidos pela produção agropecuária nos últimos anos. “As projeções são factíveis, mas devem ser superadas. Temos potencial para isso”.

Segundo o estudo, o cultivo de grãos – arroz, feijão, milho, soja em grão e trigo – deve aumentar 23% até a próxima década, com expansão de apenas 9,5% da área plantada. A variação da área cultivada será inferior à média dos últimos dez anos, que foi de 21%. O volume produzido deve superar 175,8 milhões de toneladas em 2021. No ano passado, a safra foi de 142,9 milhões de toneladas.

O Brasil deve manter-se como um dos grandes fornecedores de proteína animal no mercado mundial de alimentos. De acordo com Gasques, a produção de carnes de frango, bovina e suína deve aumentar 26,5% até o início da próxima década. O volume pode superar 31,2 milhões de toneladas. No ano passado, as carnes produzidas no país somaram 24,6 milhões de toneladas. Desses três tipos de carnes produzidas no Brasil, o frango deve se destacar, com perspectivas de aumento de 33,7% nas exportações e de 30% na produção.
Apesar de as estimativas do ministério apresentarem forte aumento das exportações dos produtos nacionais, o mercado interno continuará crescendo no ritmo atual, devido ao aumento da renda dos brasileiros. Na safra 2020/2021, 64,7% do cultivo de soja serão destinadas ao mercado interno. Gasques calcula que 85,4% da produção de milho deverão ser consumidos internamente.

Quanto à produção de carne de frango, 67% não deverão sair do país. Já em relação à carne bovina, 83% serão também destinadas ao consumo nacional. Da suína, 81% terão o mesmo destino.
Mesmo com aumento do consumo interno, a tendência, segundo o estudo, será de aumento da inserção do Brasil no comércio mundial de alimentos. As projeções indicam que a participação da soja grão deve ser de 33,2% nos próximos dez anos. “Carne de frango deve chegar a 49,% e a carne bovina, 30%”, calcula Derli Dossa. Quanto às exportações, depois de algodão, leite e milho serão os produtos brasileiros com maior variação positiva, com ampliação de 50,4% e 56,4%, respectivamente, nas vendas para o mercado internacional.
Projeção regional

O relatório da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura aponta Goiás como o estado brasileiro que terá maior aumento da produção de cana-de-açúcar (42,1%). Atualmente, produção é pouco expressiva no estado. São Paulo vai manter-se na próxima década como o maior estado produtor de cana do país.

São Paulo seguirá como o maior produtor de cana-de-açúcar do país. A produção do estado deve chegar, no início da próxima década, a 574,4 milhões de toneladas, contra os 441,8 milhões de toneladas no ano passado. O crescimento da produção deve chegar a 30%, quase o mesmo percentual da ampliação da área de cultivo, que deve chegar a 6,7 milhões de hectares. Em 2010, a área ocupada pela cana foi de 5,2 milhões de hectares.
Quanto à produção de soja, o estado do Mato Grosso deve manter-se como maior fornecedor do país, de acordo com Gasques. No ano passado, o estado produziu 20,2 milhões de toneladas. O volume deve saltar para 25,7 milhões de toneladas em 2021.

terça-feira, 14 de junho de 2011

EXPOFRUIT encerra mais uma edição com sucesso.


Na ùltima sexta -feira, 10, encerrou-se mais uma edição da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada - EXPOFRUIT 2011 onde passaram milhares de visitantes que puderam ver o que há de melhor no setor de fruticultura. Estima-se que circularam cerca de 15 mil pessoas durantes os três dias de feira. Entre os visitantes muitos estudantes universitarios da cidade que prestigiaram o estande da IAGRAM, como exemplo temos as estudantes da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Caionara Angélica do curso de enfermagem e Ana Maressa do curso de serviço social. Segundo as universitárias o estande da IAGRAM estava muito organizado com atrativos que despertaram o interesse das pessoas que passavam próximo ao estande.


No estande UFERSA/IAGRAM, os visitantes puderam  acompanhar a história da Fruticultura Irrigada da Região de abrangência da Universidade, por meio do vídeo intitulado Nossa Agricultura Irrigada, que teve seu lançamento oficial junto à abertura da feira, além da exposição Imagens do Semiárido, com fotografias de Eduardo Mendonça cuja realização foi  da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFERSA, por meio da Assessoria de Comunicação.


Os visitantes puderam conhecer também as empresas que tem o apoio da IAGRAM, tanto por meio de um vídeo institucional, como por meio da exposição dos produtos e serviços ofertados por empresas tais como a Vivenda`s Mudas e Plantas Ornamentais, SETUP e EMJUZ, ambas empresas juniores da UFERSA e a Empresa Graduada Mel Boa Fé representando o agronegócio do mel.

 




 
A equipe da EXPOFRUIT estar de parabéns pela organização do evento que a cada ano vem com mais novidades proporcionando a consolidação desse grande evento que projeta a nossa cidade não só para o Estado, mas como também, a nível nacional e internacional. A Equipe da Incubadora do Agronegócio de Mossoró - IAGRAM parabeniza aos organizadores do evento ressaltando a competência e eficiência na execução da feira. Aguardamos ansiosos a próxima edição em 2012.
 



sexta-feira, 10 de junho de 2011

EXPOFRUIT reúne centenas de pessoas no primeiro dia

O Parque de Exposições da Universidade Federal Rural do Semi-Árido abriu espaço para mais uma edição da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada – Expofruit 2011. A abertura da feira aconteceu na noite dessa quarta feira, 8, com bastante movimentação de expositores, investidores e visitantes. Ao todo são 168 estandes que abrangem mais de 100 empresas dos mais variados setores, direto ou indiretamente ligados a Fruticultura. A abertura oficial acontece hoje à noite, 09, reunindo empresários, autoridades, imprensa e público em geral. A expectativa dos organizadores é que circulem em torno de 15 mil pessoas durantes os três dias de feira.



No estande UFERSA/IAGRAM, por exemplo, os visitantes poderão acompanhar a história da Fruticultura Irrigada da Região de abrangência da Universidade, por meio do vídeo intitulado Nossa Agricultura Irrigada, que teve seu lançamento oficial junto à abertura da feira. Outro atrativo do estande é a exposição Imagens do Semiárido, com fotografias de Eduardo Mendonça. A exposição é uma realização da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFERSA, por meio da Assessoria de Comunicação.



Os visitantes que passarem pelo estande vão conhecer também as empresas que tem o apoio da IAGRAM, tanto por meio de um vídeo institucional, como por meio da exposição dos produtos e serviços ofertados por essas empresas. Um exemplo é a Vivenda’s, empresa incubada pela IAGRAM e tendo à frente os estudantes da UFERSA, Rafael Almeida e Rafael Lopes. O empreendimento oferece mudas e plantas ornamentais. O que chama atenção é a espécie de planta que é exclusivamente comercializada pela empresa na região. Trata-se da Adenium obesum, ou Rosa do Deserto que, segundo Rafael Almeida, tem origem no sul da África e na Península Arábica, mas pode ser adaptada no Brasil.


A Vivenda’s está no mercado a um ano e tem seu viveiro instalado na cidade de Baraúna. Rafael Almeida, que confessa ser um colecionador de Rosas do Deserto, explicou que é a primeira vez que a empresa expõe seus produtos numa feira. “Estamos muito felizes com a movimentação que tivemos em nosso estande. Muita gente gostou e se interessou pelos nossos produtos, mas só venderemos as plantas no último dia do evento, ou então ficaremos sem o nosso mostruário”, disse animado.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Novos tempos: Tecnologia da Informação a favor do homem do campo




O mundo ainda vive os reflexos da última grande crise econômica, encabeçada pelo setor imobiliário americano, no final de 2008. Entretanto, mercados tradicionais, como a União Européia e o Japão, puderam assistir à transformação da economia brasileira, de emergente em potência econômica. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais melhorou em termos de competitividade, superando grandes economias, como a russa e a chinesa. Grande parte desse boom econômico é devido ao agronegócio. Sua importância na economia pode ser medida ao se analisar a participação do PIB do setor no PIB total do país. O agronegócio é responsável por um terço de todo o PIB brasileiro e gera cerca de 20 milhões de empregos. Se antes, a base da agricultura era familiar, hoje, é nítida a busca desses agricultores por um espaço nos grandes mercados. O fazendeiro, hoje, tornou-se empresário rural que, além da produção, busca produtividade e lucratividade. 

Neste cenário, o maior aliado no crescimento do produtor é a tecnologia. Ela está presente nas grandes fazendas e plantações na forma de maquinários e outros itens. A cada dia, chegam ao mercado, máquinas e aparelhos capazes de melhorar o faturamento ao utilizar menos recursos. Contudo, cada vez mais, o campo se fortalece como um espaço de produção econômica baseado em tecnologia. A questão agora é: como conquistar esse mercado, que ainda que promissor, está desabituado a consumir tecnologia? Nesse momento de alta tecnológica e grande competitividade, a Tecnologia da Informação – ou TI – passa a ser vista como diferencial. O setor de TI funcionaria como uma alavanca de desenvolvimento na economia, uma vez que os resultados são altamente confiáveis dentro de um curto espaço de tempo. Ou seja, maior capacidade de produção, logo, maior geração de lucros. 

Contudo, ainda que esteja em franca expansão, o agronegócio brasileiro responde por apenas 2% do mercado brasileiro de TI. Uma contradição, uma vez que a implementação de Tecnologias da Informação é indispensável para o crescimento dos negócios no campo. A informática é um setor com grande potencial para aumentar os rendimentos na agropecuária e no suporte à criação de dados para decisões gerenciais. Assim, surge um novo mercado dentro do agronegócio: os softwares agrícolas. 

Os softwares são grandes ferramentas de administração dentro de propriedades informatizadas. É preciso aprender a gerenciar os negócios e enxergar a atividade como um patrimônio financeiro. Para auxiliar o empresário rural na nova empreitada, uma empresa de Três Pontas, no sul de Minas, desenvolveu um software que trabalha exatamente dentro desse conceito: a tecnologia capaz de mudar a vida do homem do campo. Segundo Marcio Mitidieri, diretor da Agrogenius Soluções em Agronegócios, desenvolvedora do software, “o projeto nasceu da necessidade de informatização das planilhas que utilizávamos nas consultorias, há cerca de quatro anos. Depois de finalizado, o software foi implementado em fazendas mineiras e gaúchas. Nesse momento, estamos em conclusão da fase de testes. Mais que uma boa aceitação, o software mostrou-se altamente funcional”.

O software desenvolvido pela Agrogenius é um agente facilitador para todos os envolvidos no processo de certificação da cultura. Antes dele, todos os dados eram anotados manualmente, o que gerava uma série de novos dados, muitas vezes, desnecessários. Sem contar a grande quantidade de papel resultante dessas anotações, que deveria ser completamente conferida pelo agente certificador. Ou seja, um trabalho extenso, cansativo, altamente minucioso, e muitas vezes, impreciso. O software vem aperfeiçoar esse processo e assegurar ao consumidor a certificação do produto, além de um gerenciamento mais preciso.

Desenvolvido em Três Pontas, toda a tecnologia utilizada na elaboração do software é nacional e o projeto é pioneiro. Ele atua na gestão e certificação das fazendas. É uma ferramenta de check list das normas para a certificação do produto. Com a conclusão do projeto, atualmente, cerca de 20 produtores no país utilizam o software em suas fazendas. A partir da experiência desses produtores, e do seu retorno, a empresa pode trabalhar no aprimoramento constante do programa, mantendo-o sempre atualizado e eficiente, respondendo às necessidades de cada consumidor. Como exemplo de produto certificado, o café, a maior vantagem do software é agregar valor ao grão, ainda como matéria-prima, o que possibilita e facilita o rastreamento durante todo o processo, desde a panha até a mesa do consumidor.  

Alberto Proença é um dos produtores que adotaram o software da Agrogenius na gestão e certificação de café. A Fazenda Terra Santa Coffee, localizada em Formiga, no centro oeste mineiro, produz uma média de sete mil sacas de café por ano. Há um mês e meio, todo o processo administrativo da fazenda é realizado através do programa, exceto a parte de custos. Proença está contente com o retorno. “O software interliga os setores da fazenda, o que nos poupa trabalho e, principalmente, tempo. Antes, os auditores precisavam trabalhar um dia inteiro. Eram papeis e anotações pra todos os lados. Hoje, ele (auditor) fica conosco, no máximo, três horas. Assim, aperfeiçoamos o processo e agora, nos sobra tempo para trabalhar mais na qualificação dos nossos produtos.”

Outro grande produtor que utiliza o programa sulmineiro é a Vinícola Salton, localizada no distrito de Tuyuti, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, responsável pela fabricação de um dos melhores vinhos do país. De acordo com Luis Henrique Fracalossi, do departamento agrícola da empresa, há seis meses, o software é utilizado na certificação das uvas Valore, em pequenas e médias propriedades. “O programa tem nos ajudado muito. Anteriormente, precisávamos xerocar toda a documentação de cada um dos produtores. Agora, as informações estão digitalizadas e só preciso enviá-las para o sistema, que me garante o controle dos dados. Assim, além da agilidade e praticidade, economizamos com papel, que antes era gasto nas cópias dos documentos. A expectativa é que, num futuro próximo, quando a internet estiver acessível a todos os produtores, o software venha a ser disponibilizado a todos aqueles que atendem à Vinícola. Dessa forma, ficará ainda mais fácil controlar e administrar todo o processo.”

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Uma ameaça ao agronegócio

 

Ao longo das últimas duas décadas, o Brasil se transformou numa das grandes potências agrícolas do mundo. Na base disso está a parceria extremamente bem sucedida entre empresas e institutos de pesquisa, como a Embrapa e a Escola Luiz de Queiroz, e os produtores privados. Mas se o governo teve sensibilidade para investir na pesquisa, até há pouco faltou visão do que acontece no resto do mundo e a agricultura brasileira ainda paga o preço de não ter as mesmas ferramentas empregadas pelos EUA e União Europeia na defesa de seus agricultores.

De alguns anos para cá este quadro começou a mudar. O governo passou a incentivar o campo, aumentando a injeção de dinheiro para custear a atividade, e a subvencionar 50% do prêmio do seguro rural dos pequenos produtores.

Os seguros à disposição da agricultura ainda não são equiparáveis aos dos países ricos, mas já avançamos bastante e os agricultores encontram um bom nível de proteção contra os riscos de origem climática.
É de se esperar que nos próximos anos o Brasil tenha um consistente desenvolvimento da carteira de seguro rural. A razão para isso é óbvia e passa pelo dinamismo crescente da atividade agropecuária brasileira somado ao aumento da demanda internacional por alimentos e produtos agropecuários.

Com o governo federal bancando 50% do preço do seguro rural dos pequenos produtores, a procura pelas apólices aumentou e o quadro deve se acentuar à medida que a regra for ficando conhecida e disponibilizada para um maior número de agricultores.

Todavia, este quadro pode ficar comprometido. O governo não está pagando sua parte dos prêmios. Espera-se que isto seja um acidente pontual, fruto de problema burocrático que será rapidamente solucionado. Mesmo porque, se não o for, as seguradoras podem se desinteressar do segmento.

Elas já pagaram sinistros, suportaram despesas administrativas e comerciais e acertaram as contas com as resseguradoras que suportam a operação. Quer dizer, estão no prejuízo porque, apesar de arcarem com 100% dos custos, receberam apenas 50% do pagamento. Como a ordem de grandeza envolvida é significativa, a inadimplência do governo compromete o resultado de quem atua no ramo e pode levar ao desinteresse por este tipo de negócio.

Eu não imagino este cenário, até porque o governo sabe da importância do agronegócio, não apenas como gerador de divisas, mas, principalmente, como gerador de desenvolvimento e estabilidade social.
Aceitando que a demora no pagamento dos prêmios é pontual, a questão seguinte é como fazer para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, que estão afetando o Brasil de forma contundente, tanto no excesso como na escassez de água.

Exemplo disso é o Rio Grande do Sul. A realidade gaúcha é dramática. Enquanto parte do estado sofre uma severa estiagem, outra é afetada pelas tempestades de verão que se abatem sobre eles com intensidade inusitada.
Mas as chuvas ou a sua falta não prejudicam apenas o Rio Grande do Sul. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás assistiram o excesso de chuvas comprometer parte do que seria uma das maiores safras de soja da história nacional.

Vários produtores já suportam quebras que podem chegar a 80% da produção. E, lamentavelmente, a grande maioria não está segurada contra os riscos climáticos. Ou seja, não transferirão os prejuízos para o seguro, o que os obrigará a utilizar recursos próprios para fazer frente às perdas.

Ainda que não cobrindo pragas, os seguros rurais brasileiros já permitem aos agricultores que os contratam respirarem aliviados, depois de serem atingidos por eventos de origem climática.

É necessário que este benefício seja estendido e disponibilizado para todo o universo do agrobusiness. Além disso, o País precisa desenvolver apólices mais abrangentes, mas isso só vai acontecer se o negócio for bom para todos. Quanto antes o governo acertar as contas, melhor para o Brasil.

Agronegócio já reconhece que é possível produzir sem desmatar

- O Estado de S.Paulo



Apesar das críticas ao Código Florestal, setores ligados ao agronegócio já estão percebendo que é possível aumentar a produção de alimentos sem a necessidade de abdicar das áreas de proteção ambiental, só com investimentos para aumentar a produtividade.

"Podemos continuar produzindo sem precisar desmatar, só com a intensificação do uso da terra", afirma Glauber Oliveira, presidente da Associação de Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja).

Oliveira, que participou do Fórum Estadão Centro-Oeste, ontem em São Paulo, afirmou que em todo o Mato Grosso existem 26 milhões de hectares de pastagens, já degradadas, que podem ser utilizadas para produção de alimentos e de biocombustíveis.

O Mato Grosso atualmente tem 7% de seu território ocupado pela agricultura, especialmente as culturas de milho e soja. O agronegócio responde por 70,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

Segundo o ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, é preciso aumentar a produtividade, especialmente na pecuária. "Hoje as áreas degradadas de pasto ocupam o mesmo espaço das culturas de grãos."

Antes de deixar a pasta da Agricultura, o ex-ministro declarou que não são necessários novos desmatamentos para expandir a produção agrícola do País. /A.B. e A.V.

A identidade do agronegócio

JOÃO G. SABINO OMETTO - O Estado de S.Paulo



O que significa contribuir majoritariamente para as exportações de um país? Que sensação nos desperta o fato de sermos cada vez mais reconhecidos, em especial neste período pós-crise, como uma das mais eficientes, competitivas e competentes economias? E mais: que essa competitividade pode ser ampliada e potencializada com preservação, contribuindo para a redução das emissões globais de gases de efeito estufa, por meio de práticas conservacionistas e tecnologia de ponta.

Certamente os sentimentos relativos aos estímulos advindos dessas manifestações externas e dos organismos multilaterais vão do orgulho à admiração e passam pela valorização da identidade nacional. Mas é no mínimo curioso observar que o agronegócio brasileiro, protagonista da admirada performance de nossa economia, não tenha semelhante reconhecimento da própria sociedade do País, em especial a população das grandes cidades. Tal fenômeno, quase uma ironia, talvez se deva ao fato de o setor ter-se acostumado a falar em números, mas cometendo o pecado de não os traduzir publicamente de maneira clara: 27% do PIB nacional; 37% dos empregos existentes em todo o Brasil; 42% das exportações; 215 mercados conquistados; terceiro exportador mundial; 84% de ganho de produtividade na soja desde o início da década de 90 e 122% no milho; 950% de crescimento das exportações de carne de frango no mesmo período; mais de 80 milhões de toneladas de dióxido de carbono retirados da atmosfera desde o início da produção dos carros flex, em 2003...
Tudo isso impressiona, mas não parece ser suficiente para estabelecer uma conexão com o cotidiano das pessoas. Tal descompasso reflete grave falta de comunicação, amplificada pela conotação quase pejorativa dada ao termo "agronegócio", importado ao Brasil desde a Universidade Harvard, por lideranças como Roberto Rodrigues e Ney Bittencourt de Araújo, com um intuito nobre e importante: demonstrar a interdependência dos elos que compõem o setor, para potencializar a atividade e melhorar os processos da gestão e da qualidade, com benefícios a todos.

Atualmente, como seria possível, sem uma visão sistêmica, cumprir as exigências de um consumidor cada dia mais informado, que quer saber com precisão como o alimento levado à sua mesa foi produzido e quais as práticas utilizadas? O termo trouxe organização, articulação e ganhos de diversas naturezas, mas é equivocado no modo de interagir com a sociedade, como se fosse um negócio à parte, e não a própria economia brasileira, hoje tão festejada. Até porque, por trás da agricultura brasileira há muito investimento em pesquisa, tecnologia, capacitação profissional, respeito ao meio ambiente e, acima de tudo, consciência de que o alimento é importante para a vida. Prova disso está nas cadeias produtivas que vão do algodão à camiseta, e da carne e do leite que integram a segurança alimentar.
Além disso, é possível que o próprio termo "negócio" não seja o mais adequado ao Brasil, por razões culturais. Voltando à questão dos números, estes devem ser traduzidos em termos de benefícios à sociedade. Para ficar apenas nos exemplos apontados, a conquista de 215 mercados só foi possível em razão da qualidade e atributos socioambientais dos nossos produtos do agronegócio, que nos habilitam a entrar nos mercados mais exigentes. Estar entre os três maiores exportadores mundiais do setor significa preços competitivos que beneficiam, em primeiro lugar, a população brasileira. Ser o mais eficiente em etanol e gerar combustível renovável pela queima do bagaço da cana-de-açúcar são grandes contribuições para um país ecologicamente melhor e cada vez mais independente em termos energéticos.

Os ganhos de produtividade garantem abastecimento, preços equilibrados e estabilidade econômica e política ao País, além de apontarem soluções exequíveis para o mundo, em termos de segurança alimentar e energética. É hora, pois, de fazer justiça ao agronegócio nacional no plano da comunicação, tornando evidente para a sociedade a verdadeira identidade do setor, essência de um país cuja economia brotou na terra.