sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MPEs: sustentabilidade não é só para as grandes

NÃO SÃO APENAS OS CONSUMIDORES QUE PERCEBEM OS BENEFÍCIOS DAS AÇÕES SUSTENTÁVEIS, MAS TAMBÉM OS EMPRESÁRIOS
 
Por Eliane Quinalia

Não é de hoje que as MPEs (micro e pequenas empresas) começaram a enxergar a sustentabilidade como uma importante aliada nos negócios, afinal, além de favorecer o meio ambiente, a iniciativa costuma garantir uma imagem única à corporação: a de uma empresa socialmente correta. E isso, acredite, tem sido muito importante no mercado, especialmente aos micro e pequenos empreendedores.


Para se ter uma ideia, as MPEs que mantêm uma imagem positiva costumam agradar tanto, que nem mesmo os consumidores chegam a se importar de pagar quase 10% mais por seus produtos e serviços.

“Se os produtos e serviços colocados à disposição resultarem de práticas sustentáveis, os consumidores sequer se importarão de pagar mais, já que estão mais seletivos e exigentes quanto à qualidade e à certificação do que é oferecido no mercado”, informa o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos.

Empresários

E não são apenas os consumidores que percebem os benefícios das ações sustentáveis, mas também os empresários. De acordo com a Sondagem de Sustentabilidade - 5ª Edição do Ponto de Vista dos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em junho de 2011, 79% dos 3.058 empresários consultados disseram acreditar que as empresas que adotam ações de preservação do meio ambiente podem atrair mais clientes.

Por isso, apostar neste negócio pode se mostrar uma boa iniciativa, não é mesmo?

Mas por onde começar?

Apesar de o começo ser mais difícil do que em uma grande empresa, por conta da escassez de recursos financeiros, em uma pequena empresa, a implantação de uma ação sustentável precisa seguir um planejamento estratégico mais apurado. Por isso, o primeiro passo para quem deseja adotar práticas sustentáveis consiste na adoção de recursos que aumentem a eficiência.

"Muitas práticas podem ser feitas com poucos recursos, proporcionando retornos imediatos e à longo prazo. A colocação de lâmpadas eficientes e sensores energéticos é uma delas”, diz o especialista em planejamento, economia política do desenvolvimento sustentável e responsabilidade social de empresas, José Antônio Puppim de Oliveira. Segundo ele, tal ação pode garantir um retorno econômico que certamente levará o empresário a melhorar outros processos de sua organização, bem como a imagem de sua empresa.

Outras práticas

Outras práticas também costumam ser muito bem vistas pelo mercado, como os projetos de reciclagem de papel, lixo, de pilhas ou baterias e ainda os projetos mais complexos de arquitetura, como os de reaproveitamento de água e energia solar. Segundo a última Sondagem do Sebrae, por exemplo, as ações de controle do consumo de energia, água e papel costumam ser praticadas por 80%, 78% e 68% dos empresários consultados pelo estudo, respectivamente.

Além disso, entre os consultados, 66% informaram aderir à coleta seletiva de lixo e 61% declararam já realizar algum tipo de tratamento de resíduos tóxicos, tais como solventes, produtos de limpeza e cartuchos de tintas. Mas essa não é a realidade de todas as MPEs do País. Ao que parece, a maioria delas (54%) não têm por hábito utilizar matérias-primas ou materiais recicláveis no processo produtivo, realizar a captação de água da chuva e/ou reutilização da água (83%) ou participar do processo de reciclagem de pilhas, baterias usadas ou pneus usados (56%).

Transformação

Mas, se a estatística parece demonstrar que transformar sua empresa em uma máquina sustentável pode ser mais complicado do que o imaginado, não é preciso tanta preocupação, afinal, atualmente já existem especialistas capazes de auxiliar um microempreendedor nesta tarefa. Aliás, eles prometem mudar qualquer empresa em um prazo de até 10 meses. Já pensou se isso for realmente possível?

De acordo com a estimativa da Key Associados, isto é. Segundo o gerente de projetos em sustentabilidade da companhia, Rafael Oliveira, não existe uma fórmula exata para todas as MPEs, mas não há nada que de 5 a 10 meses não seja resolvido. "Já pegamos processos mais árduos, que levaram de 8 a 10 meses para serem concluídos. Contudo, tivemos processos que terminamos em apenas 5 meses”, explica.

Segundo ele, os consultores não costumam abandonar o barco sem antes executar uma verdadeira transformação de valores em uma MPE. ”Atuamos como uma espécie de agente de transformação, ajudando as empresas a criarem uma política de qualidade em sustentabilidade”, diz Oliveira. E, se você tinha alguma dúvida, agora ficou claro por que sustentabilidade não é só para as grandes.

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