segunda-feira, 15 de agosto de 2011

UFERSA faz visita técnica em assentamento em Governador


Discutir a sustentabilidade do assentamento Terra da Esperança. Com esse propósito, uma equipe da Universidade Federal Rural do Semi-Árido esteve no último sábado, 13, no assentamento, localizado no município de Governador Dix-Sept Rosado. O Terra da Esperança possui 113 famílias, divididas em uma área total de 6.297 hectares.



A equipe da UFERSA, liderada pelo professor João Liberalino e pelo coordenador da IAGRAM, Giorgio Mendes, ouviu dos pequenos agricultores que integram a Associação dos Moradores do assentamento Terra da Esperança, os principais problemas enfrentados na comunidade. Na ocasião, foi eleita uma comissão que será o elo entre a associação e a Universidade. A comissão será responsável pelo cadastramento de todos os moradores, que sinalizarão o desejo de receber assessoria técnica da UFERSA em uma ou mais alternativas de produção. Além da agricultura familiar, os assentados desenvolvem atividades na área de caprinocultura, apicultura e produção de cajarana.


Realizada na sede da Associação Projeto Assentamento Terra da Esperança, a reunião serviu para o conhecimento, por parte da comitiva da UFERSA, dos potenciais da comunidade, para a criação de um plano que visa a sua sustentabilidade econômica. “Depois que tivermos esse mapeamento, poderemos por em prática o plano de assessoria técnica e científica, para a sustentabilidade econômica do assentamento”, afirmou o professor acrescentando que “a tecnologia tem que ser adaptada ao lugar. Não há desenvolvimento sem a avaliação e o gerenciamento de uma determinada economia, e esse é o nosso principal objetivo”, complementou.



Entre os membros da associação a expectativa é positiva. “Temos que prestar bem atenção no que a equipe da UFERSA tem para nos ensinar. É difícil trazer uma universidade tão respeitada para nossa comunidade”, discursou para os presentes o morador Andrés Sousa. Quem concorda com ele é o Presidente dos Produtores de Leite da localidade, Raimundo Avelino. “É hora de ver qual os setores que queremos trabalhar, pois com a assessoria da UFERSA poderemos nos manter com responsabilidade social e ambiental”, acredita.


Entre os pontos apresentados pelos moradores, os professores da UFERSA perceberam diversas opções para manter as famílias que moram no assentamento. A criação de aves, caprinos, bovinos, do milho, da batata, do mamão e do mel, foram citados entre os professores. “Mas para que toda essa produção tenha sucesso e o meio ambiente seja preservado, é preciso realizar o manejo da caatinga”, indicou o professor João Liberalino, que ainda sugeriu a recuperação dos 20% da floresta nativa que foi desmatada.


Outra orientação dos professores da UFERSA é uma visita de uma comissão de assentamentos a Apodi e Umarizal, municípios que mantém o manejo da caatinga. Durante a reunião, os membros da associação dos moradores queixaram-se da perda anual de quase 90% de toda produção da cajarana, outro forte potencial da comunidade. “Todo ano a sobra fica no chão, que forma verdadeiros lamaçais por todo assentamento. Tudo isso por falta de mercado”, disse o morador Andrés Sousa.



Pensando também a longo prazo, o coordenador da IAGRAM, Giorgio Mendes, recomendou um curso de capacitação para os jovens do assentamento. “É importante que os jovens da comunidade adquiram conhecimento para que o desenvolvimento tenha continuidade”, disse. Também mencionado na reunião como ferramenta de prosseguimento desenvolvimentista, o banco de sementes será inserido no plano de sustentabilidade econômica do assentamento. A horta orgânica e a produção de leite caprino é outro potencial ainda não explorado pelo assentamento, que possui cerca de 3 mil cabeças de cabras.


Não distante da realidade do semiárido brasileiro, a falta de água potável atinge o assentamento. Segundo Antônio Martins, secretário da associação dos moradores, o assentamento está recebendo mais um poço artesiano, além da recuperação de mais sete já construídos. “Nesse poço que está sendo construído será instalado ainda um dessalinizador, que garantirá água de qualidade”, explicou o secretário. Sobre isso a equipe da UFERSA diagnosticou a necessidade de uma política de reuso da água para o assentamento. “A UFERSA já dispõe de tecnologias voltadas para essas estratégias”, anunciou o professor João Liberalino.



Além de um Grupo de Jovens, o assentamento possui também um Grupo de Mulheres. Por isso a comitiva da UFERSA notou a possibilidade da comercialização também do artesanato. “A palha da carnaúba, por exemplo, é uma ótima matéria-prima para esse comércio. O assentamento deve explorar também essa opção”, opinou o professor João Liberalino. O plano de sustentabilidade do Assentamento Terra da Esperança é uma proposta da UFERSA, em parceria com a IAGRAM, a EMPARN, a prefeitura de Governador Dix-Sept Rosado e a Associação Projeto Assentamento Terra da Esperança.



Formavam a equipe da UFERSA os professores João Liberalino, Vânia Porto e Jesane Alves; o coordenador executivo da Incubadora do Agronegócio de Mossoró - IAGRAM, Giorgio Mendes; o técnico da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte - EMPARN, Jorge Ferreira; e ainda os estudantes de agronomia, Luan Alves e Mardones Sérvulo, além de Lucieudes Gonçalves, de engenharia florestal. O secretário municipal de agricultura, Sanimarcos Firmino, e o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Governador Dix-Sept Rosado, também estavam presentes na reunião.


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