segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Rastreabilidade de pescados

Publicado em 5 de 23 de setembro de 2011 às 08h54 por Fernanda Peregrino


Sistema de rastreamento armazenará dados de produção de tilápias no RN

Os consumidores estão cada vez mais preocupado com a qualidade dos produtos. O negócio tem que oferecer garantias da procedência e da qualidade técnica do produto. Pensando nisso, o empreendedor Francisco Pedro Guilherme Neto, dono da Aquabio Aquicultura, do Rio Grande do Norte (RN), desenvolveu um rastreador de tilápias.
O rastreador é um software que permite ao criador armazenar informações referentes ao cultivo e captura do pescado e ao consumidor conferir dados como origem, fabricante e elos da cadeia do produto. O programa de computador ainda está em fase de teste.
“Além do software que funciona na internet, pensei num lacre para identificar o lote dos peixes in natura e uma etiqueta nas embalagens dos pescados industrializados. O lacre é feito de plástico e a numeração vazada. Entraria pela guelra e sairia pela boca. Aí é só fechá-lo.”, explica o empreendedor.
O programa de computador mais o lacre e a etiqueta formam o Sistema Brasileiro de Rastreabilidade do Pescado (Sibrap), já registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Com o número do lote, que também aparece na etiqueta adesiva, o consumidor pode acessar as informações sobre o produto no site http://www.id-pesc.com/.
“O software está habilitado a rastrear três itens da cadeia produtiva da aquicultura: molusco (ostra), mexilhões e crustáceos (camarão e lagosta) e peixes criados em água doce ou salgada. O Sibrap traz um valor agregado muito grande para os produtores exportadores, pois alguns mercados externo, como o europeu, só aceitam produtos rastreados. Já os pequenos produtores podem comprovar a procedência de seus pescados, uma exigência dos consumidores.”, destaca Guilherme Neto.
Parceria
Para desenvolver o Sibrap, a Aquabio Aquicultura contou com a ajuda do programa Sebraetec, voltado para micro e pequenas empresas que buscam ferramentas na área de inovação e tecnologia. Em 2010, com apoio do projeto, o empresário desenvolveu uma segunda versão do software. O Sebrae subsidiou 30% e o empreendedor assumiu 70% dos custos da nova versão.
“Uma questão que dificulta muito a inovação no Brasil é a desinformação. Eu achava que para inventar era preciso fazer um protótipo, achava que para fazer o Sibrap eu teria que saber programar, mas não é assim. Descobri que poderia contratar alguém para desenvolvê-lo e para proteger minha ideia fiz um contrato bem amarrado. Então contratei uma primeira equipe e, depois, o Sebrae me ajudou a contratar outros especialistas para melhorar o software.”
Por meio de uma pareceria com a Incubadora do Agronegócio de Mossoró (IAGRAM), da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, a Associação de Aquicultores do Apodi (Aquapo), também de RN, testará o Sibrap. Toda a produção será rastreada pelo sistema, onde serão registradas informações sobre a procedência das matrizes, a idade média do plantel, método de reprodução, sistema de cultivo, ração utilizada, medicamentos e método de abate. A Aquapo é empresa incubada da IAGRAM.
Segundo Giorgio Mendes, coordenador da IAGRAM, o sistema é uma novidade no mercado brasileiro. A rastreabilidade é mais comum para bovino e fruticultura. “O Brasil inteiro já nos ligou querendo saber sobre o Sibrap, depois que divulgamos esse sistema de apoio à produção aquícola.”, conta Mendes, contente com a possibilidade garantir a qualidade dos produtos da Aquapo. “Os consumidores terão 100% de certeza da origem do produto. Para o produtor, o Sibrap trará maior visibilidade para o produto, sem falar  que o criador de pescados que poderá acompanhar melhor o processo de produção.”, complementa.
Invenções
Guilherme Neto é um inovador nato. Ao todo, já desenvolveu nove invenções registradas no INPI. Além do Sibrap, mais duas criações são da área de aquicultura – setor no qual o inventor é especialista –: um coletor de resíduos e detrito e uma embarcação. Ambas invenções são destinadas para a pesca de tanque e rede.
“O coletor de resíduo é algo inovador e que pode reduzir o impacto ambiental. Já há empresas interessadas em fabricá-lo. Agora, o produto está sendo avaliado pela Agência Nacional de Águas (ANA). Se a ANA atestar sua contribuição para o meio ambiente, vamos colocar o coletor no mercado em breve.”, afirma o inventor.
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