quarta-feira, 11 de maio de 2011

A sustentabilidade e o agronegócio brasileiro

Por José Luiz Tejon



E agora? A China invade a África. Viraram os maiores parceiros econômicos do continente afro. O mundo torce o nariz. Nossa, fazem acordos com ditadores, fecham os olhos para a tal da sustentabilidade, responsabilidade social e direitos humanos! US$ 100 bi foi o valor das relações comerciais entre china e África, em 2010. Será que devemos temer ou compreender a sabedoria milenar chinesa? Porque tanto medo se viraram nossos maiores clientes? “Ah”, muitos dizem, “mas eles fazem coisas baratas e se tomarem a África vão produzir mais barato ainda!” Isso é ruim? Será que o choque do “capimunismo” (mix de capitalismo com comunismo) , não tem nada para ensinar? Tem coisa que não presta, é verdade, mas que show de marketing , de penetração, de capilaridade de ponto de venda, de logística, distribuição, de suply chain. E, pelo que vemos, ainda tudo no início...

Enquanto isso acontece e o Sudão, com 46 milhões de terras agricultáveis para vender, se separa em norte e sul, vem aí previsões de seca na China, igual a seca da Rússia do ano passado. E o fator climático reina, no oposto com chuvas e alagamentos na Austrália. Logo, isso caminha para escassez da oferta de alimentos, e a FAO constata o maior pico de preços da história no inicio de 2011, e o nosso agronegócio, o que mais poderia dar o salto de oferta e de agregação de valor continua com uma rolha bem grande na estrutura, na logística, na armazenagem e na crise de identidade entre discursos do Reino de Avatar por um lado e de predadores corruptos por outro, que terminam por roubar a nação pelo lado de dentro do próprio sistema, como o caso da madeira do Mato Grosso do ano passado.
Na ponta sofisticada do agribusiness, temos agora investidores. Pessoas físicas que podem investir em commodities agrícolas. Mais um ativo para o risco, ou para mitigar o risco. Dos US$ 62 trilhões do PIB global, multiplicamos por 10, o movimento dos derivativos. E, pergunto, você vai investir em commodities agrícolas? Atenção os especialistas avisam: “cuidado é de altíssimo risco”. Se é para o investidor em papéis, imagine para o produtor rural que planta, cria, engorda, trata, colhe, recria, e geralmente não tem nem cofre, para armazenar sua produção e além de tudo assume todo o risco, incluindo o do “el nino e o da la nina“.

A lição de tudo isso é que sem velocidade e governança não se faz sucesso, ou para fazer sucesso sendo lento a seleção natural de milhares de produtores rurais é desastrosa demais, e o país pode perder espaço e área nessa olimpíada do agronegócio global. Falta carne no mundo, falta grãos, falta alimentos processados, falta água, falta meio ambiente, falta tudo e tudo falta. O que não nos pode faltar é criatividade e desafios ousados.

O mundo mudou, não mais pinturas de dragões da maldade versus valentes guerreiros das cruzadas. A afinidade entre o progresso evolutivo e todos os seus agentes, onde quer que se encontrem é a grande rota do mercado e do comércio neste século XXI. Sem fantasmas, o negócio é vender e produzir.

Fonte: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=24253&secao=ColunasAssinadas


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