segunda-feira, 2 de maio de 2011

Aspectos da mineralização de ovinos

Emanoel Elzo Leal de Barros
Zootecnista, D.Sc em produção animal
Professor do departamento de Zootecnia - UPIS/DF 




Nutrir um animal implica no fornecimento de todos os nutrientes em quantidade e proporções adequadas, para atender suas exigências nutricionais. Neste sentido entende-se por nutriente todos os compostos químicos orgânicos e inorgânicos que participam diretamente dos processos metabólicos e são fornecidos pelos alimentos.

Para que os animais alcancem maiores produções torna-se necessário que práticas de manejo sejam adotadas, no que se relaciona com nutrição e alimentação, com o objetivo de fornecer através de uma dieta sem fatores tóxicos, os nutrientes essenciais ao bom desempenho animal.

Dentro do contexto da nutrição, deve-se ter atenção com todos os nutrientes (proteínas, carboidratos, lipídeos, minerais, vitaminas, água), os quais devem estar contidos na ração fornecida aos animais. Todos estes nutrientes são importantes para um desempenho animal, e nenhum pode ser negligenciado no manejo nutricional. Sendo assim, a mineralização dos animais deve acontecer de forma a evitar prejuízos aos mesmos.

Os minerais são elementos químicos inorgânicos, encontrados frequentemente na forma de sais associados com elementos inorgânicos ou orgânicos. O papel desempenhado pelos minerais na alimentação dos ruminantes, assim como as funções vitais desenvolvidas no organismo animal, merecem uma grande importância e uma posição de destaque dentro da nutrição animal.

Dentre as principais funções desempenhadas pelos minerais estão: papel plástico na formação do esqueleto, dentes, músculos, etc.; participação em sistemas enzimáticos, atuando como co-enzimas; na contratilidade e excitabilidade muscular; atuação na irritabilidade nervosa; ativação de enzimas digestivas; regulação de equilíbrio hidro eletrolítico; regulação de pH sanguíneo, fazendo parte de sistemas tampões; formação do hormônio tireoideano; coagulação do sangue e transporte de oxigênio.

Diversas são as estratégias adotadas para melhor atender as exigências de minerais dos animais ruminantes que, se não forem supridas, poderão ocasionar diversas alterações metabólicas, diretamente relacionadas com o desempenho produtivo desses animais. Portanto, os elementos minerais são indispensáveis para a saúde, crescimento, conservação, produção e funcionamento do organismo animal.

Os minerais são classificados como macro e microminerais. Como macrominerais estão o cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), enxofre (S), sódio (Na), potássio (K) e cloro (Cl); são considerados microminerais os seguintes elementos: ferro (Fe), cobre (Cu), cobalto (Co), manganês (Mn), iodo (I), zinco (Zn), molibdênio (Mo), selênio (Se). Estes minerais também chamados de essenciais pelo papel desempenhado no metabolismo animal.

Com a melhoria das técnicas de pesquisa na nutrição animal, outros elementos minerais essenciais foram adicionados àqueles, especialmente o cromo (Cr), flúor (F), bromo (Br), bário (Ba) e estrôncio (Sr), que podem aparecer em determinadas combinações químicas do organismo para alguma finalidade funcional. Resumidamente, as necessidades em elementos minerais, considerados essenciais aos animais dependem de um conjunto de fatores, como crescimento, gestação, lactação, etc., da interação e coincidência destes fenômenos, depende a exigência orgânica dos animais. No simples regime de mantença, as necessidades são menores do que numa fase de produção, seja o próprio crescimento do feto ou ainda a produção de leite.

Convém salientar, que é necessário e muito importante o conhecimento claro sobre as deficiências dos minerais essenciais, para evitar futuros problemas, tais como: gastos desnecessários, toxidade e baixo rendimento dos animais em termos de produção.

Para a espécie ovina, cuidados especiais são dispensados ao elemento cobre. Neste grupo de animais, este mineral apresenta algumas particularidades, no que diz respeito aos efeitos tóxicos, os quais podem surgir quando a ingestão deste elemento é acima dos níveis de exigência.

O NRC (1985), descreveu a necessidade diária de cobre (Cu) dos ovinos na faixa de 7 a 11 mg/kg de matéria seca (MS) ingerida, sendo o limite máximo tolerável de 25 mg/kg de matéria seca. Salienta-se que os valores de cobre são para concentrações menores que 1 mg de molibdênio/kg de MS. Tendo em vista que quando há excesso de molibdênio nas forragens, as exigências de cobre pelos animais aumentam, pelo fato de que o molibdênio interfere no metabolismo do cobre. Em ovinos criados em regime de pasto, a deficiência de cobre pode ocorrer quando a concentração de cobre na forragem varia de 1 a 4 mg/kg de matéria seca.

Ovelhas submetidas à deficiência de cobre durante a gestação podem gerar cordeiros com doenças congênitas no sistema nervoso. A deficiência de cobre pode igualmente conduzir à produção deficiente de glóbulos vermelhos, causando a anemia. Além disso, os cordeiros podem desenvolver osteoporose, ocasionando fraturas espontâneas.

A deficiência de cobre nos ovinos pode ser tanto ou mais danosa ao bolso do produtor quanto à intoxicação por este elemento. Muitas vezes esta deficiência causa prejuízos imperceptíveis ao ovinocultor, e, nos casos em que são percebidos, raramente consegue-se determinar sua causa. Já os prejuízos pela intoxicação são mais evidentes, pois muitas vezes há alguma sintomatologia clínica e, não raramente, o animal vem a óbito, fazendo com que e as providências sejam tomadas de imediato.

Os ovinos possuem tendência a acumular cobre no organismo. Quando a capacidade de armazenagem hepática se esgota, o cobre é liberado para o sangue causando sinais clínicos da intoxicação.

Os sintomas relacionados são anemia, a icterícia que pode ser considerada como as membranas pálidas, amarelas. A urina é tipicamente com uma coloração marrom-vermelha escura. Os carneiros afetados são anoréxicos, letárgicos e extremamente sedentos. Esta situação conduz a prostração e freqüentemente à morte. A morte ocorre geralmente com 1 a 2 dias após o aparecimento dos sinais clínicos, mas a liberação de cobre maciça pode conduzir aos carneiros inoperantes sem nenhuns sinais clínicos. Os carneiros sobreviventes devem ser tratados para inativar o cobre, geralmente com um fornecimento de uma “hidratação”com molibdato do amônia e de sulfato de sódio.

De maneira geral, com o objetivo de evitar distúrbios metabólicos nos animais, recomenda-se que a dieta a ser fornecida seja elaborada por um profissional competente. Pois, a mesma deve ser baseada nas exigências nutricionais da espécie animal que está sendo criada, levando em consideração todos os alimentos que serão utilizados na elaboração da dieta.

Fonte: http://www.diadecampo.com.br/

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