quarta-feira, 7 de março de 2012

Agronegócio não tem relação com a “desindustrialização” do país

É comum hoje entidades e analistas urbanos, principalmente, criticarem o fato de o agronegócio brasileiro ter se tornado um gigante exportador de commodities. Eles alertam para o risco de desindustrialização do Brasil devido ao crescente peso dos produtos do “setor primário” na pauta de comercialização externa, em detrimento dos manufaturados e “melhores elaborados”.

Muitos analistas, no entanto, consideram este um falso problema. Leiam o que afirma Hyberville Netto, consultor da Scot Consultoria. “Na verdade, existe uma vasta cadeia de tecnologia por trás das commodities agrícolas. Eu cito o caso da carne, por exemplo, cujo processo inicia dentro da porteira (genética, vacinas, fertilizantes, calcário, comida para o gado) até chegar ao consumidor (atacadistas, transportes, distribuição, supermercados). Todas essas etapas geram renda e também milhares de empregos. Sem falar do maquinário imprescindível nas fazendas.”

Hyberville observa que somente as carnes (bovina, suína e de aves) abocanharam no ano passado quase 7% do PIB nacional, o que corresponde a R$ 243 bilhões. O agronegócio brasileiro como um todo é responsável por quase 30% do PIB.

E mais. Segundo o analista, as commodities movimentam os segmentos de energia (cana-de-açúcar), biotecnologia, máquinas e equipamentos, e utilizam caminhões, carretas, locomotivas e navios. “Não tem sentido as críticas. Existe mercado para produtos primários e manufaturados. A diferença, porém, é que nos últimos quatro anos o mundo demanda cada vez mais alimentos. E isso é uma tendência”, ressalta.

Outros especialistas e agricultores reforçam que, por ser altamente desenvolvida em tecnologia, a indústria de commodities muitas vezes pode tornar-se mais lucrativa do que a de transformação. Um sojicultor de Primavera do Leste, centro agrícola de Mato Grosso, explica assim o poder de agregação de valor do agronegócio. “Para se construir uma colheitadeira são necessários 20 mil parafusos”, diz. Ele tem 15 colheitadeiras na sua propriedade.

“Erra, portanto, quem fala em desindustrialização. Quando o navio parte para o Brasil, trazendo fertilizante, por exemplo, já começa a agregar valor. Depois, retorna carregado de soja, e encerra o ciclo. É a industrialização agrícola em marcha acelerada”, diz. Para o sojicultor, o brasileiro urbano está perplexo e não consegue interpretar as grandes transformações tecnológicas e sociais do campo.

Vigilante observador das lavouras, o Instituto Matogrossense de Economia (Imea), comunica ainda a chegada de grandes empresas esmagadoras para processamento do grão e comercialização do óleo e do farelo de soja, fator que está permitindo a agregação de valor. Em Mato Grosso a Cargill e a Bunge montaram unidades industriais

E a sua opinião, caro leitor?


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