quinta-feira, 15 de março de 2012

Empreendedoras na mira

Conheça as conclusões do GEM 2010 Women’s Report, o maior levantamento já realizado sobre o comportamento das mulheres empreendedoras no mundo

Por Thomaz Gomes
Editora Globo
Em 2010, mais de 104 milhões de mulheres abriram negócios pelo planeta. Nesse mesmo ano, 83 milhões já gerenciavam empresas fundadas nos três anos anteriores. No total, 187 milhões de mulheres estavam no comando de empreendimentos no mundo todo. De maneira geral, as mulheres empreendedoras se concentravam nos países emergentes. A Coreia do Norte tinha a menor porcentagem: ali, só 16% dos empreendedores eram do sexo feminino. Gana foi o único país em que elas superaram os homens: 55% dos donos de empresas no país são mulheres. Seja nas economias mais ou menos desenvolvidas, as mulheres demonstraram menos propensão a empreender do que os homens, e apresentaram maior incerteza em relação ao futuro de suas empresas.

Essas são algumas das descobertas do GEM 2010 Women’s Report, um estudo realizado pelo Babson College que mapeou a atuação e o comportamento das mulheres empreendedoras em 59 economias do planeta. Foram ouvidas 90 mil mulheres em países de diferentes níveis de desenvolvimento. Alguns resultados foram surpreendentes. O número total de empreendedoras é maior em países pouco desenvolvidos, mas diminui nas economias mais avançadas. Da mesma maneira, o otimismo entre elas tende a ser maior nos países mais pobres, e se reduz nos mais ricos.

Nos países considerados subdesenvolvidos, a média de mulheres que iniciam negócios é de 19,9%. Dessas, 51% confiam em suas habilidades para tocar a empresa e apenas 31,8% sentem medo de falhar. Nos países com economia fortalecida, apenas 3,9% das mulheres são empresárias, e o índice médio de confiança é de apenas 35% — o medo do fracasso, por sua vez, foi detectado em 50,3% desse grupo. “É verdade que há mais empreendedoras nos países em desenvolvimento. Infelizmente, a maioria delas empreende por necessidade. Dessa maneira, os índices de empreendedorismo são altos, mas o grau de inovação é baixo”, diz Donna Delley, uma das coordenadoras do estudo. “Nos países desenvolvidos, elas têm mais espaço no mercado de trabalho, então só empreendem quando enxergam uma oportunidade”, diz. “Mas há mais espaço para inovação.”

Em termos gerais, as mulheres se sentem tão atraídas pelo empreendedorismo quanto os homens. Mas, enquanto eles se mostram confiantes em relação às suas chances no mercado, as empreendedoras tendem a achar que não há boas oportunidades de negócios para elas. Além disso, poucas se julgam capazes de abrir uma empresa: apenas 47,7% respondem afirmativamente à pergunta; pelo lado masculino, 62,1% dos homens se consideram aptos a fundar um negócio.

Mulheres empreendedoras tendem a desenvolver redes de colaboradores menores e menos diversificadas que os homens: em praticamente todos os países pesquisados, elas declararam preferir a ajuda de familiares e amigos. Os homens, ao contrário, tendem a procurar a orientação de colegas de negócios e consultores. Em relação aos motivos do fechamento do negócio, a maioria delas cita dificuldades em conseguir financiamento e questões pessoais; ao responder à mesma pergunta, os homens mencionam falta de lucro e oportunidade de emprego.

De acordo com o estudo, a falta de confiança em suas habilidades para os negócios é o ponto fraco das mulheres empreendedoras, e o que impede que elas assumam um posto mais importante na economia global. “A insegurança feminina diante do mundo dos negócios tem raízes culturais”, diz Donna. “O fato é que essa incerteza dificulta o acesso a investidores, fornecedores, colaboradores e até mesmo a outros empreendedores. Precisamos reverter esse cenário. Existem diversos cases de homens de negócios incensados pela mídia. Onde estão os modelos femininos a serem seguidos?”, questiona.

Segundo os pesquisadores do Babson, é possível mudar esse cenário, desde que as sociedades promovam o engajamento das mulheres na atividade empreendedora, fornecendo a elas suporte e recursos. “Em vários países, o empreendedorismo feminino vem ganhando visibilidade entre a iniciativa privada, o poder público e as instituições de ensino, dando origem a programas de fomento e educação desenhados especificamente para esse público. Essas transformações estão encorajando cada vez mais mulheres a se aventurar no mundo dos negócios. Acredito que falte apenas uma mudança na mentalidade da sociedade. Mas isso é algo que deve vir naturalmente com o passar do tempo.”


Fonte: Pequenas Empresas e Grandes Negócios

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